sexta-feira, maio 06, 2005

Nós estávamos sentadas durante o almoço quando minha filha casualmente mencionou que ela e o marido estavam pensando em começar uma família.
"Estamos fazendo uma enquete", ela disse meio que brincando. "Você acha que nós deveríamos ter um filho?"
"Mudará a sua vida" eu disse, tomando o cuidado de manter um tom neutro.
"Eu sei," ela continuou, "adeus acordar tarde nos finais de semanas, adeus às viagens espontaneas..."

Mas não foi isso que eu quis dizer. Eu olhei para a minha filha, tentando decidir o que falar para ela. Eu quero que ela saiba o que nunca aprenderá nas aulas de educação para o parto.
Eu quero dizê-la que as dores físicas do parto passarão, mas tornar-se mãe a deixará para sempre emocionalmente vunerável.

Eu considero alertá-la para o fato de que ela jamais vai poder ler um jornal novamente sem perguntar, "Se tivesse acontecido com o MEU filho?". Que todos os acidentes, todos os incêndios vão preocupá-la. Que quando ela ver fotografias de crianças famintas e desnutridas, ela vai pensar se existe algo pior nesta vida do que assistir ao próprio filho morrendo.

Eu olho para suas unhas tão bem feitas e suas roupas da moda, e penso que não importa sua sofisticação, tornar-se mãe vai reduzí-la ao nível primitivo de uma ursa protegendo seu filhote. Que o chamado urgente "Mamãe!" vai fazê-la derrubar um suflé ou seu melhor cristal sem um momento de hesitação.

Eu penso em alertá-la de que não importa quantos anos ela investiu na sua carreira, ela será professionalmente derrubada pela maternidade.
Ela pode colocar o filho na escola, ou arrumar uma babá, mas ela vai estar numa reunião de negócios importante e lembrará do cheirinho doce do seu bebê. E assim terá que usar toda sua disciplina e não correr para casa somente para ter certeza de que está tudo bem.

Eu quero que minha filha saiba que cada decisão do dia-a-dia nunca mais será rotina. Aquele garotinho de 5 anos que quer usar o banheiro dos homens na McDonalds sozinho, ao invéz do das mulheres causará um dilema terrível. E naquele momento, entre o barulho de bandejas e crianças gritando, questões de independência e identidade sexual serão pesadas contra a possibilidade de haver um um molestador de crianças lá dentro.
Não importa o quanto decidida ela seja no escritório, ela vai estar constantemente se questionando como mãe.

Olhando para a minha filha tão bonita, eu quero assegurá-la que eventualmente ela vai perder os quilos a mais da gravidez, mas nunca mais ela se sentirá a mesma.

Que sua vida, agora tão importante, será de menos valor para ela própria. Ela a daria em um segundo para salvar a do seu filho, e ao mesmo tempo vai estar sempre esperando que tenha mais anos -- não para realizar os seus sonhos, mas para ver o seu filho realizar os dele.

Eu quero que ela saiba que cicatrizes de cesariana, e estrias serão carregadas como medalhas de honra.

O seu relacionamento com o seu marido vai mudar, mas não da maneira como ela pensa. Eu gostaria que ela pudesse compreender o quanto é possivel amar o homem que é tão cuidadoso a por talco no bebê, ou nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deve saber que ela se apaixonará por ele novamente por rasões que ela agora não considera românticas.

Eu gostaria que a minha filha pudesse entender a ligação que ela sentirá com outras mulheres da História que tentaram acabar com as guerras, o preconceito, e embriaguez ao volante.

Eu espero que ela possa entender como eu posso ser tão racional em conversas que cobrem a maioria dos assuntos, mas me torno temporariamente enlouquecida quando discuto o perigo de uma guerra nuclear no futuro dos meus filhos.

Eu quero explicá-la a alegria de ver o seu filho aprendendo a andar de bicicleta. Eu quero capturar para ela o riso de um bebê que toca no pêlo de um cachorro ou gato pela primeira vez. Eu quero que ela experimente uma alegria que é tão verdadeira que chega a doer...

...A olhar inquisitivo da minha filha me faz perceber que eu tenho lágrimas nos olhos.

"Você nunca se arrependerá". Eu finalmente disse. Então apertei a sua mão e disse uma prece em silêncio para ela, para mim, e para todas as mulheres meramente mortais que vão de encontro ao mais maravilhoso dos chamados. Este presente abençoado por Deus...
O de ser Mãe.

Escrito por: Dale Hanson Bourke


Feliz Dia Das Mães!

2 comentários:

Anônimo disse...

Passei pra dizer FELIZ DIA DAS MAES!!!!!

Anônimo disse...

olà Laura, vim agradecer a sua visitinha e conhecer o seu blog, muito linda essa mensagem sob os prós e contras.Depois que se descobre Mãe a vida inteira muda, sobre o que é ou o que deveria ter sido, a única coisa que sempre será é Mãe mesmo né.Beijos, Celma

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