quarta-feira, julho 19, 2006

Eu quero as tardes de perna pro ar, comendo brigadeiro

"Existem pessoas que passam pela sua vida e deixam um pouquinho de si.. Existem pessoas que passam pela sua vida, e levam um pouquinho de você com elas.. Existem pessoas que passam pela sua vida e ficam para sempre..."



Quando eu era adolescente, eu tinha um caderninho desses que a gente dar para os amigos escreverem uma mensagem. O caderno era um tipo de termômetro da popularidade. Quando mais gente escrevia nele, melhor. Não importava muito se as mensagens eram de pessoas que me conheciam de verdade e que gostavam de mim de verdade, ou simplesmente daquele menino mais bonitinho da escola, só porque ele era bonitinho. O importante era o caderno estar cheinho de mensagens. Quanto mais, melhor para o ego de uma adolescente.

Aí, eu cresci!

Se tem um ditado que é muito certo é aquele que diz que a vida é uma escola. Na escola da vida vamos aprendendo muitas coisas. Em alguns quesitos vamos nos formando mais rapidamente que em outros. No quesito amizade, ainda estou na escola. Ainda faço provas, ainda fico em recuperação, as vezes até repito de ano.
Mas digo uma coisa. A cada prova, a cada recuperação, a cada ano repetido, vou aprendendo algo a mais. Nem tanto sobre as outras pessoas, até porque tem gente que eu nunca irei entender mesmo. Mas sobre mim mesma, o que é o mais importante.
Vou aprendendo que os que valem à pena realmente são aqueles que gostam da gente de verdade por aquilo que nós somos, e não por aquilo que nós temos. Vou aprendendo que o que vale realmente são os gestos de uma pessoa, não suas palavras. As vezes as pequenas coisas são as mais tocantes ao coração.

Alguém aqui vai ler isso e dizer "grande surpresa!". Mas a verdade é que tem muita gente por aí que ainda coleciona nomes no caderninho proverbial.

Existe um livro de dois autores americanos, chamado "Ele simplesmente não está assim tão afim de você". O intuito do livro é ajudar mulheres entenderem que as vezes o cara simplesmente não está interessado. Porque as vezes a gente se ilude tanto com uma pessoa, acha que aquela pessoa é a certa pra gente, que não vê os sinais, não enxerga as desculpas. Porque nós seres humanos temos dificuldades em lidar com a rejeição.
Para mim aquele livro serve também para as amizades. Serve para todos nós. Têm pessoas que simplesmente não estão assim tão interessadas na gente como pensamos. As vezes é difícil de aceitar esta realidade.

Estou parando de colecionar amizades. Não quero mais ser popular, não faço mais questão de estar "in", de fazer parte de um grupo, de ser aceita. Não quero mais ser um número.
O mais importante é ser amada de verdade, e respeitada de verdade. Quero reciprocidade, quero cumplicidade. Entre gestos e palavras, salvam-se os gestos. Entre coisas e momentos, ficam os momentos. As vezes são os mais simples possíveis.

Quando eu era adolescente com o caderninho abarrotado de mensagens, umas das poucas mensagens que realmente importaram foi a da minha amiga Gliss. Gliss era aquela amigona de verdade, para todas as horas. A gente se juntava numa tarde (várias tardes) e ficava assim de perna pro ar, comendo brigadeiro e conversando potoca. Aquela era a troca mais simples, mais descompromissada, e no entanto mais significativa das minhas amizades. Porque entre Gliss e eu não havia nada, somente aquela vontade, aquele prazer de aproveitar a companhia uma da outra. Simples assim!
Quando eu fui ao Brasil no final do ano, meu primo Eduardo ligava para a casa dos meus pais todos os dias pra falar comigo e Paul. As vezes era só pra dizer um oi mesmo e saber como foi o dia. As vezes era pra chamar pra sair. Meu primo Eduardo nem é um dos meus primos mais chegados. Mas puxa, a sinceridade dele era tão grande, o prazer em estar com a gente era tanto, a gentileza era tanta.. não há palavras que mostre o valor disso. Simples assim!
Ele nem sabe, mas ele ganhou um lugar especial no meu coração.
Porque na escola da vida, no quesito amizade, ainda estou aprendendo. E antes tarde do que nunca.


Nós não nascemos de uma só vez, mas aos poucos. As nossas mães ficam fisicamente marcadas com o nosso nascimento; nós sofremos as dores constantes do nosso crescimento espiritual. ~Mary Antin~
Texto extraído do livro -Divinos Segredos da Irmandade Ya-Ya-

Um comentário:

Nilson Barcelli disse...

Vi a Laura no blogue de um amigo comum (já nem me lembro qual, pois estou há alguns minutos a ver o seu blogue) e resolvi atravessar o Atlântico para a visitar. Pecador me confesso que para além de ter lido o seu comentário (e gostado) foi a sua beleza revelada na pequena foto que mais me atraiu. Como sou casado e já um pouco mais velho que você, não se assuste, por isso…
E ainda bem que vim, pois deparei-me com um ponto de vista neste seu belíssimo post que perfilho completamente.
Alguém dizia, e com razão, que para encontrar um verdadeiro amigo nem um lampião ajudava, mesmo durante o dia.
O que eu sempre achei é que os amigos não se fazem, acontecem. E muito menos se coleccionam.
Gostei do que vi na vista de olhos que dei ao seu blogue. É muito interessante. Parabéns.

Arquivo

   
eXTReMe Tracker