Estávamos já de saída para voltar ao trabalho, e nos deparamos com uma situação no estacionamento.
No carro parado ao lado do nosso havia um casal. O rapaz, que era o motorista, falava em português com a mulher sentada ao lado dele, mas ela não respondia. Talvêz porque ele falasse em português, que imediatamente me chamou atenção.
Ele saiu do carro e correu para o lado dela, abriu a porta do passageiro, e ela quase caiu para fora. Notei que ela parecia desmaiada. Ele batia de leve no ombro dela e dizia "fala comigo! Fala comigo! Está passando mal?". E ela continuava lá, imóvel.
Resolvi me aproximar e perguntei pra ele se estava tudo bem. Ele olhou pra mim muito desesperado dizendo que não sabia o que estava acontecendo com ela.
A minha primeira reação foi ligar para 911, mas ele não tinha um celular, e eu lembrei que tinha deixado o meu no escritório, carregando a bateria.
Lembrei que Tara tinha um, e corri ate ela e pedi que discasse. Tudo isso foi rápido, e Tara já estava dentro do carro com o motor ligado e não tinha notado nada disso acontecendo, provavelmente se perguntando porque eu ainda estava ali parada no estaciomento, falando com um estranho. Chovia bastante!
Liga pra 911, eu disse pra ela. Sem entender nada, ela desligou o carro e desceu já com o celular na mão, discando. Voltamos as duas para o lado do casal.
A mulher que antes parecia desmaiada, estava agora em processo de convulsões violentas. Eu nunca tinha visto aquilo na minha vida. O corpo dela se debatia na cadeira, e ela espulmava pela boca.
Ela se debateu por um tempo, e de repente parou, e ficou ali, estatalada na cadeira, completamente imóvel, com os olhos e a boca bem abertos. Sinceramente pensei que ela estava morrendo. O rapaz deve ter pensando o mesmo, pois se pôs a procurar por sinal de vida nela.
Uma mulher ia passando pelo estacionamento na hora e viu a cena, e se aproximou correndo. Disse que era enfermeira, e começou a examinar a mulher. Quando ela começou a fazer perguntas ao rapaz, notei que ele não falava inglês. Ele olhava pra ela perdido, sem entender e sem saber o que dizer. Então, imediatamente comecei a fazer as traduções.
Agora, parando para pensar, imagine esta situação. Os dois brasileiros, sozinhos no estacionamento do Shopping Center, sem falar uma palavra em inglês, sem um telefone celular pra pedir socorro. Se não fosse eu ter passado ali na hora, o que teria acontecido? Sei lá, acho que tem coisas que só Deus mesmo.
A mulher retornou a conciência, e começou a chorar pedindo para ir pra casa. A enfermeira fazia perguntas pra ela, e coitada, ela ainda estava muito fora de si. Nem entendia inglês, e nem sabia que o que estava acontecendo com ela. Falei pra ela que ia ficar tudo bem, disse que ela ia pro hospital pra ser tratada. Ao que entendi, aquilo nunca tinha acontecido com ela antes.
911 é muito eficiente, nessas horas é que a gente ver. Com menos de 5 minutos já podíamos ouvir as sirenes se aproximando ao longe. Dois carros de Policia chegaram primeiro, depois uma ambulância e um carro de bombeiro. Ficamos lá o tempo todo, até eles levarem a mulher na maca, pra que eu pudesse traduzir pra eles.
Os policiais pediram identificação da mulher, o rapaz procurou na bolsa dela, e achou o Passaporte. Me falou pra traduzir que ela nem morava aqui, que morava na Alemanha, e estava aqui a passeio. O motorista da ambulância me pediu pra falar pra ele pra qual hospital estavam levando ela. O rapaz me disse que sabia aonde era, e a ambulância partiu com ela.
Depois ele olhou pra mim, apertou a minha mão com força, me agradeceu, e foi embora atrás deles.
Depois que eu e Tara entramos no carro e partimos, nós duas tremíamos bastante. Nenhuma das duas nunca havia presenciado tal situação. Estou até agora pensando. Mas agradecida de ter podido ajudar alguém hoje.
8 comentários:
Que situação, Laurinha! Que sorte dessa moça!
Realmente é um alívio saber que dá pra confiar no 911.
bjs
Deus é misericordioso! Foi ele que te colocou ali. As vezes, como tu fizeste, não devemos nem pensar, apenas agir com o coração. E de uma coisa tenho certeza, as nossas boas ações são refletidas para nós mesmos, direta ou indiretamente.
Um beijão
Rubiane
Isso aconteceu comigo uma vez no restaurante que eu trabalho Laurinha. Foi o maior susto e trauma da minha vida. Estavamos apenas eu e outra garconete, jah era o turno da tarde, quando nao tem muito movimento. Uma das fregueses, ela parecia ter algum tipo de deficiencia mental e fisia (um lado do corpo, acho que jah deveria ter tido um derrame ou algo parecido antes), mas era consciente, conversava, andava e tava la com o marido, jah velhinho p comemorar o aniversario de casamento deles. Do nada ouvimos um barulho enorme, quando viramos p olhar ela tinha caido de cabeca no chao com tudo. Comecou a tremer tb, deu convulsao nela e ela caiu. Soh que caiu com o rosto virado p chao, e nao conseguia respirar, eu tentei virar ela mas era um peso tao absurdo (peso morto) e eu nao conseguia de jeito nenhum, nem com ajuda de outras pessoas. Ligamos p 911 e vieram. Aos poucos ela foi melhorando (foi uma cena agoniante), e quando melhorou ela nao quis ir de jeito nenhum p o hospital. No fim, o marido dela chamou um taxi e eles foram embora. Fiquei feliz de ela ter voltado ao normal, mas infelizmente no dia seguinte o marido dela voltou no restaurante e contou que ela havia falecido naquela noite. Por causa da queda formou coagulo de sangue na cabeca, e nao deu outra.
Foi um dia dificil de esquecer... eu rezo a Deus p nao ter que passar nunca por isso de novo, nem presenciar e nem acontecer comigo.
Que desespero.
Também concordo com a Rubiane e faço das palavras dela as minhas também.
Graças a Deus que Ele te colocou lá naquele momento. Fiquei orgulhosa da sua solidariedade e sensibilidade em ajudar numa situação tão difícil.
Talvez se vc não estivesse lá o final dessa história teria tido um desfecho triste.
Continue assim, Laurinha! :-D
Hoje somos nós que podemos ajudar. Amanhã, quem sabe se não somos nós que poderemos precisar de ajuda!:-)
Fique com Deus! :-) Beijos! :-)
Wow! Tu foi colocada ali naquele momento pra ajudar mesmo. Que loucura! Me da um certo alivio e uma sensacao de quem tem alguem olhando por nos, ou que nada acontece por acaso, ou algo assim. (Ando sem muita confianca, achando que o planeta esta passando por uma fase tenebrosa. Fico achando que estamos meio abandonados...).
Nossa, Laurinha, ainda bem mesmo que estava por ali. Nem consigo imaginar o desespero do rapaz. Bjos
Nossa Laurinha, que história louca. Parece que era pra você estar ali naquela hora mesmo. Imagina se esse rapaz não tivesse encontrado com você, o que seria não é mesmo?
Se a moca nao e' epiletica (pelo visto nao, porque o marido nunca viu ela ter convulsoes antes), ha' um grande risco de ser cancer no cerebro. Se bem que tem gente que tem convulsao e nao e' explicada (lembra o Ronaldo na Copa?) Esse casal teve muita sorte de te encontrar la' na hora.
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