terça-feira, abril 19, 2005

Um mico atrás do outro!



Meu pai, que foi um homem muito namorador quando era solteiro, por ironia do destino terminou tendo só filha mulher para tomar conta. Até a cachorra lá de casa era do sexo feminino. E minha irmã e eu crescemos sobre os cuidados de um homem super-protetor, e conservador à beira do ridículo.

Não me perguntem porque, mas ontem estava me lembrando de um mico que o meu pai me fez passar muito grande na minha adolescência. Na época foi o fim do mundo, mas aí se tornou uma daquelas estórias pra morrer de rir ao relembrar, e deixar para a posteridade.

Acho que eu tinha uns 15 ou 16 anos, estava no Primeiro-Ano Científico. Os estudantes do Terceiro-Ano planejaram uma festa de despedida deles muito legal num lugar chamado Boa Viagem Praia Clube (que nem existe mais). O tema da festa era Hawaii, ou seja, todos deveriam se vestir à caráter. A notícia desta festa se espalhou por todo o colégio (o saudoso Marista Recife) e pelos colégios das redondesas. Sei que no dia tinha muita gente lá.

Meu pai implicou para não nos deixar ir, como ele sempre fazia. Eu e a minha irmã esperneamos para ir, como nós sempre fazíamos. E a nossa mãe tentou negociar com ele um acordo para que ele permitisse que nós fossemos, como ela sempre fazia. Risos! Acho que foram uma ou duas semanas de negociações (sim, meu pai era daqueles), mas finalmente ele deu o sinal verde.
OBAAAAAAAAAA!!!!
Afinal, um mês antes desta festa não se falava em outra coisa no colégio.
Me lembro como se fosse hoje, um grupinho da minha turma fazendo planos, jogando conversa fora no corredor que ficava atrás da Estátua do Chanpagnat!
Ana Flávia (nossa, eu tenho estórias e mais estórias dessa menina super maluquinha! Todas engracadíssimas!) virou-se para Silvio Romero (que era muito bonitinho, alto, loirinho, dos olhos azuis, mas que na época já tinha namorada) e disse - Silvio, vá sem a sua namorada, pois nós vamos nos agarrar nesta festa!
A minha mãe fez uns brincos de flores de orquídea para todas as meninas do grupo. Vestido mesmo a caráter não lembro de ter visto ninguém, mas todo mundo tentou usar camisas floridas, sarongues, e muitos colares floridos.

No dia da festa veio a BOMBA! Meu pai disse que nós íamos, MAS que ele iria também!!!! ahnn?! Começou a sentir o meu drama? PÂNICO! Como é que eu iria aparecer nesta festa, num clube (na época super popular), com o meu pai à tira-colo?
Mas não teve jeito, ele foi mesmo. E a minha mãe, claro, achou de ir junto para controlar o exagerado do meu pai.

Primeira parada foi para buscar a nossa prima, Kátia. Ela já entra no carro cismada, olhando para a cara do meu pai, que deixou a gente ir, achou de ir também, mas mesmo assim ainda não tinha se dado por satisfeito (pra ele o ideal teria sido ninguém ir).
Chegando lá, ele estaciona o carro. Dá pra ouvir a música do lado de fora. Um montão de gente chegando. Ele diz pra gente:
- Ninguém desce! Fica todo mundo aqui! Eu vou dar uma olhada nesta festa primeiro! - E some festa adentro. Nós ficamos no carro apavoradas que ele mudasse de idéia. Uns cinco minutos depois lá vem ele voltando. Do carro já dava pra ver a cara dele, balançando a cabeça negativamente. Pronto! Será que ele mudou de ideia? Ele entra no carro e já começa:
- "Só tem menino nessa festa! bla-bla.. Nenhum adulto pra supervisionar! bla-bla.. A música alta! bla-bla.. Uma escuridão danada lá dentro, parecendo um cabaret!!!" - Cabaret? Menos, papai, menos!! Só mesmo ele para sair com uma dessas. E ele continua, apontando para nós três (eu, minha irmã, e nossa prima) no assento trazeiro:
_"Essas meninas, com essas saias curtinhas, vão mostrar tudo quando passarem pela escadaria!!" - bla-bla-bla--BLA-BLAAAA!!!!!!
O Boa Viagem Praia Clube tinha uma entrada que era assim: Um escadaria enorme logo na entrada, daí lá em cima ficavam as bilheterias, daí depois de passar por elas as escadarias desciam diretamente de frente para o salão de dança, propiciando à todos que estavam lá dentro poder ver todos que estivessem chegando ou saindo. Impossível não notar.

Depois de mais drama nós conseguimos entrar nesta festa, mas com meus pais lá, os dois do lado da gente. Assim que notei os olhares fui logo dando um jeito de "perdê-los" na multidão. De jeito nenhum eu iria passar a noite com os dois à tira-colo. Já pensou? O lugar era muito grande e tinha muita gente lá, dava pra se perder lá dentro facilzinho.

Não me lembro se tinha uma banda tocando música ao vivo, ou se tinha DJ, mas sei que tinha alguém que entre uma música ou outra falava umas coisas no microfone para manter a galera animada. Encontrei a minha turminha facilmente lá pertinho do palco. Ficamos por ali conversando, dançando, curtindo a festa. Por uns bons minutos até esqueci que os meus pais também tinham vindo.
Eles procuraram uma mesa para sentar e ficaram lá a noite toda, meu pai observando tudo, tomando conta de tudo, o novo inspetor do lugar! Outro mico!

A música rolava solta, muita dancing music, muita animação. Daí, em um determinado momento o salão de dança ficou ainda mais escuro (como se isso fosse possível) e alguém lá no palco anunciou no microfone:
- "Agora, agarrem os seus pares para aquela hora do sarrinho!" ..................longa pausa......... na minha cabeça quer dizer........... ah! Na cabeça do meu pai também......................... Diz minha mãe que o homem levantou-se da cadeira enfurecido e debandou prá procurar a gente no meio daquela multidão... até que achou. Eu estava lá, inocentemente conversando com meus amigos, nem dançando eu estava, quando ele chega e já vai dizendo MUITO ALTO por causa da música:
-"Vocês não vão dançar música agarrada com ninguém, ouviu?" e outros bla-bla-blas... E eu paralizada de vergonha. Os meus amigos todos olhando. Quando ele vai embora, alguém diz :
- "O seu pai veio!?!" com uma voz que era uma mistura de espanto, comédia, e nojo.

E eu claro, acabei sem nem dar uma paqueradazinha de leve, com medo do meu pai explodir de raiva.
Ana Flávia se deu bem com Silvio, se alguém está curioso pra saber. O menino não levou a namorada, e se agarrou com Ana no salão como haviam combinado. E lá estavam aos amassos. No final da noite, os brincos de orquídeas da Ana só tinham a partezinha de metal que agarra nas orelhas, as pétalas haviam sumido!
-"Ana, cadê os brincos?"
- "Silvio comeu!" - Risadagens!
E eu paguei o maior mico e fiquei à ver navios!

Recordar é viver!

7 comentários:

Anônimo disse...

Engraçado é que situações como essa nos faziam pensar que o mundo ia acabar e em nunca mais por os pés para fora de casa... o tempo passa e dá até p achar graça! Já paguei vários micos desse tipo qdo era adolescente...minha mãe era do tipo general! hehehehe
Ah ôfuro é uma banheira muito comum aqui no Jp, sei q no Br agora é moda nos Spas e clinicas de estética, mas aqui nw é coisa chique nw, em toda casa tem. Beijao!

Anônimo disse...

Oi Laura, Dei uma passadinha aqui só para agradecer sua visita lá no Blizi e adivinha? Acabei ficando! Ótima a sua história do mico!O meu blog está meio abandonado por pura falta de tempo mas tenho sérias intenções de melhorar ;D. Felicidades.

Claudio Costa disse...

Ah!, quase sempre acontence: a tragédia de ontem se torna a piada de hoje! Vida dura, a de seu pai, a zelar pelas "meninas", heim? Quanta "maldade" na cabeça dele, só fantasiando coisas. Como aprendi, uma vez: o que a boca fala, transborda do coração.

Anônimo disse...

Laurinha.

Me lembro muito de você contando essa estória, mas mesmo assim não pude deixar de dar umas boas gargalhadas. Essas suas estórias da época de escola e de adolescência dá papo pra um ano de blog. lembra daquela de "Helinho" que acabou envolvendo "Guerreiro", que iriamos ser metralhados em um caminhão na semana pré carnaval? Acho que eramos eu você e Raquel Cecília. Mais engraçado é que lembro que ele era dono de uma loja chamada Clemont Ferrand. Vixe, direto do túnel do tempo!

Anônimo disse...

Oi? Nossa, rs, adorei sua história...acho q acontece com todo mundo...e ei temos isso em comum, papai tb só teve filhas, rs. Só q ele eh cabeça fria...rs nem esquenta! bjo!!!

Luma Rosa disse...

Muda o endereço e os pais continuam iguais...no meu caso era meu irmão que me perseguia onde ia. Já paguei n-micos com os garotos...bons tempos aquele. Beijocas, Luma

Anônimo disse...

Ei titia, voinho ainda continua assim viu! Ate no shopping ele faz esse tipo de coisa! Se a gente ta no shopping ai passa, digamos, uns rapazes e voinho ta do lado de voinha, ele pega, passa pro meu lado e coloca o braço no meu ombro! Isso nao é nem mico mas é chatisse! E se nao bastasse, mainha as vezes tambem faz esse tipinho de coisa. Varias vezes em festa de colegio quando eu me apresento em peças de teatro, logo depois tem o DJ com as musicas eletronicas(que eu amo!)...Sabe o que ela faz?! Assim que eu acabo de me apresentar, ela diz: -Bora, ta na hora! Alem dela ir, eu nunca fiquei pra festa nenhuma de colegio! Outra que eu to lembrando...a minha melhor amiga me convidou para o aniversario dela, ai eu pedi a mainha ai ela deixou.Tudo bem!Mas so que foi: eu, mainha, voinha e Rafael.Chegando la, no salao do predio,so tinha gente da minha idade e umas 3 cadeirinhas reservadas no canto e o pessoal tudo em pe e escutando musica( do meu tempo,logico!).Daqui a pouco os 3 se acomodam la no canto e nao deixam nem eu sair de junto deles e quanto é uns 20 min depois ai começa as chatisses...Que festa porcaria é essa?!Olha o tipo de musica que ta tocando, num tem nem comida, vamos embora! Ai eu falo com a minha amiga na maior carreira,porque ela ainda ia pro salao, e vou embora nas pressas!Olha o mico que eu passei!So tinha gente da minha idade e chega voinha e mainha e ainda Rafael pra me fazer passar mico!Isso é o minimo que eu to me lembrando, tem muito mais...Ah, uma vez mainha contou que voces so podiam ficar na varanda daqui de casa se na rua nao tivesse nenhum homem.lol
É cada uma viu...

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