terça-feira, julho 26, 2005

Endora, Versão Cunhada

Você tem uma "Endora" na sua vida? Eu tenho! Tá com inveja? Não tão rápido..

Endora (Agnes Moorehead), a sogra que ninguem merece, de Bewitched (A Feiticeira)


Então a minha cunhada liga lá pra casa e deixa uma mensagem na secretária eletrônica que é assim “olha, eu sei que o brinquedinho que vocês deram pra Julia no aniversário dela é muito bonitinho e coisa e tal, mas ela já tem 1 daquele. Então, eu gostaria de que fosse trocado por outro.”
Você deve estar se perguntando, e daí? Daí, que vindo da minha cunhada, ela deveria se contentar com o fato de que nós demos presente pra garota, e ficar na dela agora.

Não deveria fazer lavagem de roupa suja neste blog, mas putz, estou de saco cheio de ouvir os leigos no assunto dizerem pra mim “O que é que tem a sua cunhada? Não vejo nada demais nela!” ou “Por que você não tenta se dar bem com ela?”. Well, sabe aquele ditado que diz assim “quem não te conhece, que te compre?”, ou aquele “quem vê cara, não vê coração”, ou aquele “pimenta nos olhos dos outros é refresco?”, ou aquele “você não sabe da missa, um terço?” TODOS são muito bem empregados neste caso.

Eu ouvi a mensagem dela e ignorei, como eu ignoro toda e qualquer mensagem deixada na secretária lá de casa por aquela mulher. Primeiro, que nos 10 anos em que sou casada, ela NUNCA ligou lá pra casa para falar comigo. Ela sempre liga, e já vai dizendo assim “Aqui é a sua irmã, liga pra mim quando tiver tempo”, ou assim “estou com saudades de você e do meu baby, ligue pra mim”.. É, eu não existo, e o meu filho é o “baby” dela. Uma ova!

O pedido pra trocar o presentinho me aborrece por quê? Bem, no aniversário do meu filho, essa mulher apareceu lá em casa com uma cédula de 10 dólares de presente pro menino. É comum se dar dinheiro de presente por aqui, isso todo mundo faz. Mas o comentário dela foi que bateu no nervinho “Eu não tive paciência de ir na loja comprar um presente. Estava com preguiça!” Exatamente assim. Interessante que ela tem 4 filhos, e haja festa pra gente ir, porque um deles deu um PUM é motivo para uma comemoração. Ai, tem que levar comidinha (porque americano tem essa estorinha de levar pratinho pras festinhas em que são convidados, e minha cunhada tira total vantagem disso), e presentinho.. Lá em casa, a gente só tem o Paulzinho, e a gente não faz festa pra gente, a gente só faz pra ele mesmo.
E segundo porque quando ela fez o aniversário da menina dela lá, teve festa num clube, ela nos disse para estarmos lá as 10:30AM, mas não se importou em dizer que levasse roupinha de banho pra Paulzinho, pois haveria uma piscina. Resultado, ficamos na piscina 1 hora, vendo os outros meninos brincarem na água, e o meu Paulzinho entediado, sentado no meu colo, só olhando. Me deu uma vontade danada de perguntar porque convidou ele? Mas se eu perguntasse, ela daria uma de lerda, como sempre da, “ai meu Deus, que mancada a minha. Esqueci!”, que ela tirou Ph.D de metida a lerda, pois é só metida, que de lerda ela não tem nada.

Não gosto dela, e tenho mil e um motivos. Desde aos tratamentos grosseiros dela para com a minha pessoa, assim, de graça mesmo, propositadamente, até as coisas mais sem pé nem cabeça que ela faz (a rainha da mocoronguice, que ela é), que so servem pra gente rir mesmo.
Pois bem, conto aqui. Se não tiver paciência, pode parar de ler agora, pois hoje quem posta é o meu lado barraqueira. E quem não tem um, que jogue a primeira pedra! Provavelmente apagarei isso tudo amanhã, por causa das energias negativas, mas por agora vai.

Da primeiríssima vez que essa mulher me viu, quando fomos apresentadas, eu havia me mudado para ca fazia menos de um mês. Era a primeira vez que estava indo conhecer a família do marido, estava nervosa e empolgada ao mesmo tempo. Era dia dos Pais, e Paul e eu fomos buscá-la para ir passar o dia com o pai deles. Ela estava grávida, e entra no carro carregando uma fotinha de ultrasonografia. Não me deu nem um oi, não olhou nem pra mim, já foi mostrando ao irmão (e somente pra ele) a ultrasonografia.. por uns 10 minutos ela falou, e eu fui ficando cada vez mais desconfortável pela total ignorância da minha presença naquele carro, achando a situação bem surreal. Quando Paul interrompeu ela para mencionar meu nome, ela disse assim “Ah, Oi!” e pronto, morreu aí. Durante o dia inteiro conversou com todos, ignorando a minha presença, até mesmo nas ocasiões quando tentei chegar à ela, perguntar da gravidez, etc... as respostas eram monosilábicas!
Daí, nos 8 anos que se seguiram mais ou menos, tentei quebrar este gelo, já que não havia nenhum motivo pra isso mesmo. Queria muito sim, ser amiga dela, para o bem de todos e felicidade geral da famíilia. Digo 8 anos, porque depois disso eu cansei, chega, acabou. Agora quem não quer mais sou eu.

Trabalhava numa loja de roupas na ocasião. Durante queima de estoque (os famosos semi-anual clearances que eles fazem por aqui), eu comprava roupas para mim, minha irmã la no Brasil, e ela. Ela recebia todos os presentes, mas continuava me tratando da mesma maneira. Na ocasião, morava com uma amiga dela (as duas eram mães solteiras). Nas festinhas que faziam por lá, a amiguinha dela só se aproximava de mim para consertar o meu inglês “ It’s not deree, it’s THere” com a língua bem pronunciada entre os dentes. Eu era tão encabulada naquela época, me sentia um verdadeiro peixe fora d’água, então ficava sem jeito e não sabia o que dizer..
No Natal eu ia pra cozinha e preparava o bolo de frutas que é receita da minha mãe, com as frutas de molho no vinho tinto de um dia para outro, e tudo mais. Levava lá pra casa dela, e o bolo ficava esquecido na cozinha, porque ela nunca trazia para a mesa. Ninguém comia o bolo, nunca soube que paradeiro levava depois que eu ía embora. Se não era bolo de fruta, era outra comida qualquer, que a idiota aqui levava novamente, e novamente, numa tentativa frustrada de agradar.
Nunca ía na minha casa, toda e qualquer celebração tinha que ser na dela, até que um dia eu perguntei ao Paul “por quê?”, e ele, homem que ele é, que não nota nada, não percebe nada, anda no mundo dos homens, não soube responder porquê. Então, resolvi que a próxima seria na nossa casa. De última hora ela cancelou, alegando um motivo idiota lá qualquer que agora já não lembro mais. De última hora, é de última hora mesmo, no diazinho, depois de termos gasto uma dinheirama em preparativos e eu uma noite e um dia na cozinha. Como aquela foi a primeira vez que ela fazia isso, custou a sacar que era de propósito, então tentamos uma outra ocasião. E a primeira vez dela na minha casa, era Natal, e ela apareceu, mas de cara amarrada. Mal tocou na comida, disse que não estava com fome. E na hora de sentar na sala para a troca dos presentes, quando estávamos eu e ela sentadas assim, lado a lado no sofá, ela pega o telefone e liga para alguém.. em um determinado momento eu ouço ela dizer assim “Não vejo a hora de ir embora daqui”.. legal ela, não? São tantas, ah, são tantas, nem me lembro mais de todas..
Ela tinha esta mania de dizer pra mim “Meu irmão É ÓTIMO! Nem todo mundo merece um marido como ele!”.. A raiva que eu tenho quando me lembro dessas coisas é mais de mim mesma, porque na época era idiota, e não sabia como lidar com isso. E ela, que já estava acostumada a colocar o irmão no bolso, tinha total controle da situação.

Tinha os namorados dela lá, e só apresentava eles à Paul. Paul que se quisesse, fizesse as vezes de me apresentar ao cara, apesar de na ocasião das apresentações, estivéssemos sempre todos presentes no mesmo lugar.

Quando o meu filho nasceu, estava eu algumas semanas pós-parto, e ela liga pro meu marido inventando uma festa de aniversário para a filha dela, que deveria ser na nossa casa já que era aniversário da minha sobrinha também, e Paulzinho só tinha algumas semanas. Porque meus pais estavam aqui, minha mãe fez as vezes de mãe, e preparou o bolo e tudo o mais, assim por conta dela mesmo, porque é o que uma mãe faz. A minha cunhada apareceu na nossa casa no dia com ¼ de uma melancia, e esta foi a contribuição dela pra a festa que era metade pra filha dela e metade pra minha sobrinha, na minha casa, inventada por ela. Parece até piada, dar até vontade de rir.

Aguentei tantas, tudo por causa do meu marido, porque é irmã dele. Mas a gotinha que fez o copo transbordar foi quando Paul sofreu uma crise de stress, e eu liguei pra ela desperada, precisando que ela tomasse conta de Paulzinho pra gente. E ela assim, na lata, na hora disse que sim, of course. Mas daí, cancelou o acordo de última hora, como é sua marca registrada. Foi este o dia que prometi pra mim mesma que jamais pediria novamente.

No ano passado ela casou. Para este casamento me pediu para levar um pratinho, e para fazer a maquiagem dela, porque eu faço uma maquiagem que modéstia à parte, é show de bola. A besta aqui foi, levou pratinho, e pintou a cara dela. Na hora das fotografias ela tirou fotografia com todo mundo, adivinha quem não foi convidada para aparecer nessas fotos. Pois é, ela nunca nem deu uma desculpa esfarrapada que esqueceu de me incluir nessas fotos. E até hoje esconde o álbum do irmão, pra ele não poder constatar a grosseria que está lá, registrada para a posteridade.

Meu marido que até então nunca havia atinado pra nada disso, parece que acordou. Agora ele entendeu todas as coisas que ela tem feito ao longo dos anos. Porque família americana não baixa o barraco como a gente faz quando não concorda com uma coisa, ele segue evitando um conflito e fazendo de conta que nada aconteceu, mas a dinâmica com certeza mudou, ela agora não tem mais o controle, e eu a muito já cansei. E ela deve ter notado, pois agora faz de tudo pra puxar o meu saco. Só que é tarde. Infelizmente não posso cortar relações completamente e deixar de falar, então prossigo educada, civil, mas fica só nisso mesmo, e nada mais.
Quanto ao presente, notei que Paul ouviu a mensagem e ignorou. Olha, progresso!

Pronto, disse! Se você leu isso tudinho, obrigada.

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