sexta-feira, julho 15, 2005

Watching The Magdalene Sisters is hard. It is hard because there is so much inhumanity to look at. It is hard because much of the inhumanity takes place at the hands of those who are followers of Christ. It is hard because we know that it is true.



Escolhi este DVD baseado na sua rápida descrição, e as altas recomendações de outros membros do Netflix. Pois bem, este filme me agarrou logo de cara, e durante 2 horas aprendi sobre a vida terrível de meninas Irlandesas em Dublin, entregues ao Asilo para Mulheres, nas mãos das Irmãs Madalenas, pertencentes à Igreja Católica. E para minha surpresa, num passado não tão distante.

A descrição do filme diz: “Estória dramática da vida de 4 jóvens desafortunadas, rejeitadas por suas famílias e abandonadas à mercê da Igreja Católica na Irlanda dos anos 60. Enquanto mulheres do mundo todo lutavam por seus direitos, estas meninas foram despidas de suas liberdades e dignidades, e condenadas indeterminadamente à servitude nas Lavanderias Madalenas, para que pudessem redimirem-se dos seus pecados

Depois de assistir o filme, assisti os extras do DVD, que contam com entrevistas com 4 das mulheres protagonizadas no filme. Se o filme foi difícil de assistir, as entrevistas foram ainda mais.

As Lavanderias Madalenas-

Surgiram no final do Século 19, com a finalidade de estender as mãos à prostitutas, tirá-las das ruas, dando-lhes asilo, comida, e trabalho. Daí o nome “Madalena”, em referência à Maria Madalena, o personágem bíblico. Nos documentos do Asilo constam que no começo, essas mulheres até chegavam lá de livre e espontânea vontade, passavam uma temporada, depois íam embora. Algumas voltavam mais vezes.
Aos poucos, a filosofia do Asilo foi mudando, e meninas rejeitadas por suas próprias famílias foram tomando o lugar de prostitutas de ruas, entregues nas mãos das freiras por motivos os mais absurdos possíveis. Estas famílias que se viam envergonhadas diante da sociedade, por atitudes de suas filhas, se livravam delas, fazendo de conta que elas não mais existiam. Então os Asilos Madalena foram povoados por mães solteiras, e garotas consideradas promíscuas.

As Irmãs gerenciavam os servicos de lavanderia que eram prestados à diversos clientes locais, como prisões, orfanatos, igrejas e açougues. Estes serviços não eram gratuitos, mas todo o dinheiro recolhido ficava com as Irmãs. Torturadoras ao ponto de serem sadísticas, obrigavam as meninas a trabalharem à exaustão, vivendo em condições precárias e sobre torturas psicológicas, e físicas, se fossem contrariadas.

Parece medieval, mas acredite ou não, estes Asilos operaram até o ano de 1993, quando as freiras resolveram vender suas terras para empresas interessadas no desenvolvimento urbano. Foi aí quando as estórias escabrosas começaram a vir à tona, começando com a descoberta de 155 ossadas, de meninas enterradas em covas sem descrições, nas terras do Asilo. Isto causou um escândalo de repercussão internacional, mais uma para um currículo já bastante vergonhoso da Igreja Católica.

As Meninas-


Os recordes indicam que 30 mil meninas passaram pelas Instituições das Irmãs Madalenas. Escravisadas, em trabalhos forçados e sem remuneração, condenadas sem direito sequer a julgamento por “crimes” que variavam de gravidez solteira à uma simples paquera inocente. Como Roger Ebert falou no seu review, lendo isto, você pensaria que se trata do tratamento Taliban dado à mulheres afegãs.

O filme se concentra nas estórias verídicas de 4 dessas meninas: Margaret, Patricia, Bernadete e Crispina. Margaret foi abandonada na Instituição por ter sido estuprada pelo próprio primo. Patricia, por engravidar sem ser casada. Bernadete, simplesmente por ser considerada “namoradoura”, e por isso promíscua. Crispina, jóvem mãe, com leves problemas mentais.

Nas entrevistas, uma delas conta que suas vidas consistiam em acordar as 5 da manhã, ir a missa, tomar café da manhã, e trabalhar até 7 da noite, quando iam diretamente dormir.
Eram proibidas de qualquer contato umas com as outras, e para não serem punidas, se falavam às escondidas. “E a vida era somente isso. Nós não podiamos fazer perguntas, e o trabalho era duro. Você tinha que lavar, e passar até gastar os dedos”.

A escolha do trabalho não era por acaso. Lavar roupa suja simbolizava lavar a alma dos pecados mortais. Alem de lavar, as meninas também tinham que rezar em voz alta, o dia inteiro.
Muitas viveram no asilo até a morte. Algumas poucas conseguiram fugir de um jeito ou de outro. Mesmo assim, carregaram ou carregam para o resto de suas vidas sequelas psicológicas, das perseguições e torturas a que foram submetidas pelas freiras perversas.

Para aqueles que desejarem assistir The Magdalene Sisters, não esqueçam também de assistir o Documentário incluso nos Extras de título Sex in a Cold Climate, contendo os depoimentos de algumas das meninas do Asilo.

7 comentários:

christophersmom disse...

Impressionante, Laura. O post está sensacional.

Jôka P. disse...

Laura,
assisti esse filme há algum tempo na TV a cabo. Achei bem feito e contundente, com belos trabalhos das atrizes. Mas muito deprimente também. Tem uma cena em que uma das moças tenta se enforcar, é horrível ver aquilo...
Mas vir aqui visitar você me alegrou bastante.
Beijos cariocas.
JÔKA P.

Andréa disse...

Wow, menina, fiquei louca pra ver esse filme. Que loucura, ne? A gente está sempre descobrindo e se surpreendendo com as coisas que já fizeram - e ainda fazem por aí - contra a mulher. Impressionante.
E o pior é que ainda tem muito rolando mundo a fora e que a gente só vai ter notícia sabe Deus quando...

Magnífico post.

Anônimo disse...

Nunca ouvi falar dessa lavanderia. Boa dica e assim que der, vou pegar pra ver.
O currículo de horrores da igreja católica é lonnnnnnnnnnnngo. Não dá pra ver nem de binóculo. Cabeças rolavam em nome de Jesus...pois é.

Anônimo disse...

Ja assisti esse filme...e muito triste que nome de Deus alguns facam coisas que deveriam ser condenados..um execelente filme..

Anônimo disse...

Eis que preciso procurar esse ícone da 7ª Arte urgente.

Anônimo disse...

Nossa Laurinha quero ver esse filme... e pensar que ainda hoje em dia a igreja continua cometendo atrocidades usando o nome de Deus...
bjos

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