sábado, julho 07, 2007

Oxe, mainha!

Esta semana ouvi uma frase num programa da Globo que fazia anos que não ouvia. Alguém chamar alguém de "essa menina".. Nossa, fazia um tempão que não ouvia isso. Me lembrei imediatamente da mãe de uma amiga minha que só me chamava assim. Eu e a filha dela éramos melhores amigas, praticamente siamesas, sempre juntas o tempo todo, desde a época de adolescente. Ela só vivia na minha casa e eu só vivia na casa dela, mas a danada da mulher parecia que nunca sabia o meu nome, era sempre "essa menina".A coisa mais brega do mundo, e que eu detestava! E eu nunca tive coragem de perguntá-la porque.

Esse lance de "essa menina" me lembra uma peça teatral bastante badalada que ficou em cartaz por uma eternidade lá no Recife. Cinderela, A Estória Que A Sua Mãe Não Contou. Eu assisti essa peça 3 vezes, e conheço gente que assistiu mais de 5, ou 6, ou 7... sei lá... A peça contava uma estória de Cinderela às avessas, bem escrachada, com um humor beeeem pernambucano. A Fada Madrinha era uma macumbeira, as irmãs más encomendavam os vestidos do baile de uma costureira que morava lá na Vila do IPSEP e roubava tecido das clientes (quem nunca teve uma dessas?), tecido que tinha sido comprado nas Casas José Araujo, diga-se de passagem.
Quem é pernambucano lendo isso está sacando tudo. Quem não é, eu não garanto nada. Acho que a maioria daquelas piadas passavam bem longe da galera de fora. Era coisa bem da gente mesmo.
Nossa, essa peça fez estória! Todos os atores eram homens da Trupe do Barulho, até Cinderela, interpretada pelo engraçadissímo Jeison Wallace.

Logo de entrada tinha dois travestis com um rolo de papel higiênico nas mãos, distribuindo pedacinhos para as pessoas e dizendo "bem vindos, esta peça é uma merda".. Tinha um tal de Biu que ficava tirando onda com a platéia antes do show começar. Ele dizia que morava em Curado 7, mas o ônibus dele só ía até Curado 2 (que ele chamava de Cu Two, imitando um sotaque em inglês) e ele tinha que descer de lá e sair andando o resto. Quem conhece Recife está familiarizado com o bairro Curado que fica lá nos Cafundós de Judas mesmo. Ai do sujeito que chegasse atrasado. Biu mandava colocar os olofotes na pessoa, e danava a tirar onda.

Cinderela trabalhava de empregada na casa de madame, e tomava as dores das empregadas domésticas do Recife. Em um determinado ponto da peça, ela caía no chão chorando, o palco escurecia pra dar mais drama, e a platéia ficava caladinha. Ela começava a se lamentar e daí soltava esta pérola "você não sabe o que eu passo na mão dessa mulher, essa menina", e o essa menina era sempre para alguém da platéia. E novamente todo mundo se acabava de rir.

Encontrei essa pérola no YouTube, que mostra o comecinho da peça. Vale à pena!


5 comentários:

Marshall disse...

Enfim tô de volta!!! Ando bem afastado da internet mesmo, meu blog tá bem xexelento... mas enfim, continuo passando pro aqui e lendo seus posts, mesmo sem comentar viu?
Ah!! E uma ida ao cinema aqui no Brasil tb sai caro! Pipoca e refrigerante estão mais caros que o ingresso! haha
bjs
ah! Atualizei o caso do casório

Anônimo disse...

Hehehehehehehe
O humor nordestino é mesmo ótimo! Não conheço o Recife (uma pena) mas desde que cheguei aqui na Bahia já pude conferir algumas peças de teatro engraçadíssimas - perdi várias piadas por não conhecer direito a cultura local mas mesmo assim me diverti muito.

Anônimo disse...

Laurinha acho essa expressao, essa menina, tao pejorativa..nao sei se e, mas acho um descaso a pessoa chamar o outro assim

Luma Rosa disse...

Algumas músicas usam o termo, mas nunca pensei de modo mundano e sim carinhoso. Ainda mais quando se chama uma mulher pronta de menina.
Eu, por não conhecer a cultura, fiquei boiando na história! (rs*)
Boa semana! BEijus, Luma

Jôka P. disse...

Chamar de "essa menina" é antipático e bem pejorativo.
Mais ou menos como dizer: "Filhinha" ou "minha filha" !!!
Sacou ?
Bjs!

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