quarta-feira, agosto 03, 2005

Tudo acabou em Kibe!

Minha mãe entrou numa tal de Habib's para tomar um lanchinho. Logo assim de cara, na fila para pagar, tinha um cara plantado lá, bem vestido e muito educado. O homem parecia vigiar o movimento, e começou a instruir a minha mãe "pega a bandeja aqui", "senta naquela mesa ali", bla-bla-bla.. Minha mãe automaticamente deduziu que ele era funcionário, mais precisamente gerente do restaurante.. Sentou aonde ele indicou para esperar a comida ficar pronta. Estava com os meus sobrinhos.
Quando a comida veio, o homem foi à mesa deles avisar que estava pronta.
"Por que a senhora não manda a mocinha e o garotinho ir buscar as bandejas?" sugeriu ele, apontando para os meus sobrinhos. Ok. Os dois foram.

Passados alguns minutos, quando estavam no meio da refeição, o homem volta. Pergunta a minha mãe se ela tem troco (não me lembro para qual quantia), pois a registradora precisa de troco. Minha mãe disse que não. Aí, ele reformulou a pergunta pra outra quantia. Minha mãe olhou na bolsa e disse sim. Deu pra ele o valor de 180 reais... Ok, a esta altura da conversa os meus alarmes já teriam sido acionados! Mas a minha mãe é assim mesmo, não pensa nada mal de ninguém..
O homem levou o dinheiro. Da mesa dava pra eles verem o cara lá perto da registradora. Ele falava com um, falava com outro, fez um sinal para a cozinha.
Minha mãe e os meus sobrinhos prosseguiram comendo..
Não sei quanto tempo se passou, mas ela foi se impacientando e se perguntando "Cade esse gerente com o meu dinheiro?". Olhou de novo, não viu mais ele. Levantou-se e foi perguntar a mocinha da registradora.

"Que homem que a senhora está falando?" Perguntou a menina com cara de lerda.
"Aquele que estava aqui. Que estava tomando conta da fila, nos levou para a mesa, e vem nos recepcionando desde que entramos aqui. Ele nao é o gerente?"
"Não! O gerente está lá dentro"..

A confusão estava formada. O gerente aparece lá de dentro. Os funcionários dizem que não viram homem nenhum, não fazem a menor noção de quem a minha mãe está falando.
O que fazer numa situação como esta? A minha mãe errou em confiar, é certo. Mas, você entra num restaurante, já tem esse cara lá, bem vestido, bem educado, recepcionando o povo na fila (que fica bem debaixo do nariz da mocinha da registradora, mas ela insiste em dizer que não viu homem nenhum), fica ali dentro da loja esse tempo todo. Nao é cliente, pois não está comprando nada, não está comendo nada. Só conversando com os clientes, mandando fazer isso e mandando fazer aquilo, etc... Você pensa o que desta situação?
O gerente foi grosseiro, mal educado. Disse que não tinha nada a ver com isso. A merda de lugar não tinha nem uma câmera de segurança lá dentro.

Minha mãe saiu de lá diretinho para dar queixa na delegacia. O delegado falou pra ela que o restaurante era para ser responsabilizado. Daí o negócio foi para as Pequenas Causas.

No dia de resolver, foram meus pais e a minha sobrinha, ficaram esperando a vez, na sala de espera. O advogado do tal do Habib's já estava amoitado lá dentro na sala da Conciliadora.
Em um determinado momento, esta tal de Conciliadora vem lá de dentro, super grosseirona e mal educada, e já vai perguntando pra minha mãe, em voz alta e no meio de todo mundo "como foi essa estória mesmo? Está muito sem pé nem cabeça!" Minha mãe perguntou se não havia um lugar mais privado para tratar do assunto. Foi ignorada.
Quando foi na hora de entrar para resolver, a Conciliadora se volta para os meus pais e diz que se falar lá dentro, ela chama o guarda. Oi, e como é possível defender a causa, se não podem nem abrir a boca? Foram intimidados da porta de entrada. O gerente do Habib's foi munido de advogado, mas disseram a minha mãe que não era pra levar nenhum. Engraçado isso?
O Conciliadora se comunicou com o advogado o tempo todo, resolvendo o assunto entre eles. Meus pais estavam lá praticamente somente para ouvirem o resultado, não para resolverem o problema. No final disseram a minha mãe que se ela não deixasse por isso, eles a processariam pelo dobro.
E tudo acabou em kibe!

Como é que o País pode ir pra frente desse jeito? Um restaurante aonde não há segurança, não há sequer uma câmera. Um sujeito lá dentro rondando, já bem familiarizado com o lugar, bem visível aos funcionários, fazendo um sinal aqui, falando com outro ali (o que me leva a pensar que possivelmente estava em parceria com alguém lá dentro. Porque dizer que não sabe para aonde o homem foi daria para engolir. Dizer que nunca nem notaram o sujeito, vamos combinar!)
A conciliadora comprada, evidentemente! O descaso foi geral!

As vezes a minha família e os meus amigos no Brasil, me contam certas estórias, e eu me sinto como aquele personagem do Jô Soares, o exilado, conversando com a mulher que ficou lá no Brasil à respeito das últimas novidades.. Incrédilo, só ouvindo a mulher contar as estórias, ele diz "Não, Marilda! Você não quer que eu volte!..... Amancebou-se!"

"Não, mamãe! Não acredito! Você não quer que eu volte, mamãe!"

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