domingo, outubro 02, 2005

The Brown Bunny

Existe um auê tão grande em torno deste filme, que tive que adicionar a minha lista de espera no Netflix. Finalmente tive a chance de assisti-lo no final de semana passado.

Dizem que quando The Brown Bunny foi apresentado no Festival de Cannes, em 2003, as pessoas se retiraram das salas de projeções, e as que ficaram, ficaram para vaiar. O filme também ficou famoso por causar uma discursão entre o crítico de cinema Roger Ebert, e o Diretor/produtor/ator/editor/bombril (mil e uma utilidades), bad boy, Vincent Gallo.
Quando perguntado pela imprensa presente no Festival, Roger Ebert disse que The Brown Bunny era com certeza o pior filme da estória de Cannes. Ofendido, Vincent Gallo chamou Roger Ebert de "fat pig". E Roger Ebert deu um comeback dizendo "Um dia eu serei magro. Mas Vincent Gallo sempre será o Diretor de Brown Bunny". hehe!

O filme tem 92 minutos de duração, e desses 92, vamos dizer que uns 85 minutos consiste de Vincent Gallo dirigindo a sua van, cruzando os Estados Unidos de um lado ao outro. E olhe que assisti a versão re-editada. Dizem que a versão original, introduzida em Cannes, era mais longa. Vincent, na verdade, levou o criticismo a sério, e resolveu cortar 26 minutos de fita, resultando na versão que foi lançada em DVD. E aí, Roger Ebert assistiu esta nova versão, e quem diria...gostou!

No filme, Vincent é o corredor de motocicleta Bud Clay, torturado pelas lembranças de um amor perdido, Daisy (no papel de Daisy está Chloe Sevigny, que na época era namorada de Gallo na vida real).
Se você não desistir no meio do caminho, no final, a estória é comovente. Bud sai de New Hampshire à California, a procura de Daisy, ou a procura de si mesmo, numa tentativa de fazer as pazes com seu próprio coração ferido. Em algumas ocasiões, durante o trajeto, convida mulheres desconhecidas a juntar-se à ele, numa tentativa (talvêz?) desesperada de apagar Daisy de sua memória.
Como eu consegui toda essa conclusão do filme, não me pergunte. Pois na sua grande maioria, os poucos diálogos que acontecem, são quase impossíveis de ouvir (depois de aumentar o volume, uma, duas, três vezes, decidi optar pelo subtitles).
A viagem consiste em close-ups de Vincent dirigindo. Os cabelos desdenhados, os olhos azuis penetrantes... existe um certo narcisismo envolvido, mas ao mesmo tempo, com cenas cruas, nem um pouco elaboradas, ele dar ao personágem um ar indefeso, bem mais verdadeiro.
Muitas vezes, enquanto assistindo o filme, me perguntei "porque diabos ainda não desliguei o dvd?" E meu marido foi quem comentou, que o filme parece mais com uma brincadeira. É como se Gallo estivesse tentando testar a paciência da gente, como se ele tivesse pensado "qualquer coisa que você fizer, qualquer coisa, as pessoas assistirão".
Bem, qualquer coisa, uma ova. Nem sobre tortura, daria para assistir Dude, where is my car, ou Soul Plane, não é verdade?

Daí, tem a cena final, quando Bud e Daisy finalmente se reencontram. Cena que também é responsável por outro grande auê causado pelo filme. Daisy reaparece, os dois conversam, choram juntos (e eu não vou entregar o final da estória), e a cena é coroada com ato de sexo oral explícito! Isso mesmo, explícito!
Dizem que Chloe Sevigny (a mesma que fez a namoradinha de Hilary Swank, em Boys don't cry) perdeu contratos importantes como representante de produtos de beleza, etc, depois deste filme. Não sei se é verdade.

E eu termino com o parecer final de Roger Ebert:

"Make no mistake: The Cannes version was a bad film, but now Gallo's editing has set free the good film inside. "The Brown Bunny" is still not a complete success -- it is odd and off-putting when it doesn't want to be -- but as a study of loneliness and need, it evokes a tender sadness. I will always be grateful I saw the movie at Cannes; you can't understand where Gallo has arrived unless you know where he started"

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